Quantas vezes você já ouviu alguma mãe falando sobre suas dificuldades no mercado de trabalho?
No mundo corporativo, as mulheres carregam muitos preconceitos impostos sobre elas, mas estes se intensificam após a chegada da maternidade. Parece até um pouco paradoxal pensar que na sociedade atual, conseguimos desenvolver a medicina e tecnologia em questão de horas, enquanto algumas intolerâncias estão enraizadas há décadas, e ainda não foram deixadas.
“Não vai dar conta”, “Tem ou pretende ter filhos?”, “Fará muitas saídas para cuidar do filho!”, essas são só algumas das frases conhecidas pelas mães profissionais, que demonstram quanto o mercado de trabalho enxerga as mães como: menos profissionais/qualificadas, e muitas das vezes, como uma desvantagem.
A verdade é que nossa sociedade possui muito preconceito com a maternidade na esfera corporativa, e isso faz com que quase todos não compreendam a grandiosidade que é ter uma mãe dentro de uma equipe, já que além de um exemplo de força e determinação, estudos apontam que essas profissionais possuem diversas habilidades afloradas como a liderança, empatia e organização.
Alguns dos obstáculos que as mães precisam enfrentar
Infelizmente existem muitos desafios do âmbito profissional a serem vencidos pelas mamães, entenda sobre alguns:
Recolocação: segundo a pesquisa “Maternidade e Mercado de Trabalho”, realizada pelo VAGAS.com, 52% das mães que ficaram grávidas ou saíram em licença-maternidade no último emprego, passaram por alguma situação ruim na organização em que trabalhavam.
Apesar da existência de uma lei que prevê estabilidade no emprego por pelo menos cinco meses após o nascimento do bebê, existem muitas empresas que ficam na espera desse período acabar para assim dispensar a profissional sem justa causa, mas o motivo parece bem explícito visto a ignorância recorrente que as empresas possuem em resumir uma colaboradora apenas à maternidade. A FGV também realizou uma pesquisa que constatou que dentre as mulheres que voltam da licença-maternidade, cerca de 50% saem do emprego, de forma voluntária ou não, após um ano e meio do retorno.
O projeto Contrate uma Mãe nasceu diante desse cenário, com o intuito de auxiliar mães na busca de encontrarem empresas que realmente as valorizam.
Trabalho X Família: Também na pesquisa realizada pela VAGAS.com, 70% das respondentes disseram que não pretendem ter filhos nos próximos anos. Destas, 43% afirmou que a decisão é devido a dificuldade de conseguir emprego ou se manter estável no mercado quando se engravida. Esse dado demonstra o quanto a sociedade tem dificuldade em compreender que a maternidade e a profissão são questões que podem andar de mãos dadas, e ainda sim serem realizadas com maestria, fazendo com que algumas mulheres tenham que escolher entre seus sonhos.
Insegurança profissional: a diminuição inesperada de demandas, a exclusão de projetos os quais fazia parte, o medo ao dizer que é mãe em entrevistas, a aceitação de qualquer oferta de trabalho por falta de opção. Todas essas questões são reflexos de um ambiente que não valoriza as mães profissionais.
Além de todo o estresse da vida pessoal, todas essas questões simultaneamente podem afetar a saúde mental dessas profissionais (mães ou futuras mães) de forma muito negativa, fazendo com que o estresse vire parte da rotina, e até mesmo abalando diretamente suas famílias, principalmente a criança.
Algumas das formas que a empresa pode colaborar com essa pauta:
Uma empresa que não se posiciona ou debate sobre essas problemáticas com seus colaboradores, acaba demonstrando certa indiferença sobre pautas importantes, o que pode se tornar um fator negativo. Separamos então algumas maneiras de como demonstrar preocupação com o assunto:
Direitos: sempre deixar claro e comunicar sobre os direitos previstos para as mães.
Representatividade: além de contratar mães, trazê-las para conversarem sobre esse assunto e suas vivências, se elas se sentirem confortáveis.
Demandas: não diminuir as obrigações de uma colaboradora assim que souber da gravidez dela, nem cortá-la de projetos os quais ela já iria fazer parte, pelo menos não sem antes fazer um bom alinhamento com a mesma sendo muito transparente e sincero.
Auxílio saúde-maternidade: com o intuito de ajudá-las nessa etapa da vida, propor um benefício corporativo que permita com que elas façam terapia, yoga, meditação ou qualquer outro tipo de atividade que irá torná-la mais feliz.
Ações com essa temática precisam ser desenvolvidas com urgência dentro das empresas, afinal, a pandemia nos ensinou muito sobre valorizar mais nossos colaboradores através da empatia e escuta/ação ativa. A experiência de ser mãe no ambiente corporativo é muito complexa e subjetiva, por isso requer que os colegas que convivem com uma mãe sejam respeitosos e compreensivos, sem comentários ou atitudes desnecessárias.
Por fim, também é preciso que façamos nossa parte no mundo, através de ações corporativas incentivando que nossas crianças sejam criadas por pais saudáveis e felizes, para assim termos um amanhã melhor que o hoje.